sábado, 8 de janeiro de 2011

Quando você é forçado

a lembrar como a vida é algo frágil.

Porque foi incrível como um sábado a noite que tinha tudo para ser delicioso,
com muita pizza, risadas e brindes à casa nova;
se tranformou em um perturbador pesadelo cheio de cerejas...

Tudo começou em um condomínio vazio, recém-lançado, onde só moram o síndico e meu tio por enquanto;
Chegarmos juntos foi uma coincidência...
Minha prima recebeu o presente atrasado de aniversário e meu priminho ficou brincando de mergulhar nas margaridas que demos pra minha tia decorar a casa nova...
Minha outra tia estava do jeito de sempre, mas um pouco mais bem humorada em conhecer a casa e passear com o filho.

Não aguentamos fazer gracinha para a criança mais nova por muito tempo, porque ela estava soltando pum loucamente...
Jogamos Wii, fizemos minha prima experimentar o short - porque ela fez quinze anos e eu levei o short curto pra ela na cara larga porque ela precisa parar de usar as roupas que ela usa /prontofalei.
Um tempo depois as pizzas chegaram - um milagre o motoboy ter encontrado o condomínio. Se você achava que EU me escondia, espere até ver esse lugar.. não há uma viva alma em todo o perímetro (só, novamente, o síndico e meus tios+prima   - risos)

E enquanto duas filhas e suas respectivas mães curtiam o jantar na cozinha, os dois tios conversavam no quintal e a tia mais nova cuidava do próprio filho na sala,
aconteceu.

Nem tinha cada uma terminado seu primeiro pedaço quando um barulho muito estranho veio da sala.
Parecia uma risada, ao mesmo tempo que um choro, ou um sopro muito forte..
Mas veio carregado de um desespero meio agonizante - é, foi bem surreal...
O primeiro foi rápido, mas depois vieram outros mais fortes e demorados, misturados com choro de verdade dessa vez...

Quando vi, estava uma tia correndo pela casa - por que não sabemos ainda aonde tem sinal naquele fim de mundo, pra se telefonar,
e a outra estava no chão, histérica, enquanto, no colo do meu tio, com o outro tio olhando, o meu primo se recuperava de uma crise convulsiva.

Enquanto minha mãe acalmava minha tia e a outra chamava o socorro,
ficamos eu a minha prima, impotentes na cozinha, sem saber como agir ou pra onde olhar,
por que honestamente, ver aquela mãe desesperada chorando e sem norte algum, parecia uma coisa indecente de se fazer...
Principalmente quando você não pode fazer nada.

A ambulância não chegou.
Aparentemente não teve a mesma sorte do cara da pizza pra encontrar aquela casa

O meu primo voltou a dormir, tranquilo.
Minha tia falou que ele nem chegou a acordar enquanto aquilo acontecia, mas que foi ficando roxo e não conseguiam dobrar os membros dele... aparentemente alguma coisa estava impedindo a respiração
Não sei como minha tia conseguiu falar isso pra gente, por que era só alguém ameaçar falar alguma coisa que a outra tia recomeçava a chorar pelo que tinha acontecido com o filho.
Ainda tentamos levá-lo para o hospital, mas a mãe dele, histérica, se recusava a levá-lo por tudo que ele já tinha passado lá...


A gente as vezes tenta, ou o faz sem perceber, mas esquecemos que ele é um bebê de um ano e meio que tem traqueostomia e há um mês fez uma cirurgia do coração que lhe rendeu 40 pontos - além de outras anteriormente.

eu culpo os puns fedidos, que me deixam meio desnorteada  - sorriso amarelo

Quando os ânimos pareciam ter se acalmado, cada um tomou seu próprio caminho,
e agora eu estou aqui, me preparando pra voltar pro estágio e trabalhar hard essa semana...

mas me diz, agora quem consegue dormir??

Um comentário:

  1. Eu não conseguiria dormir... o-o
    coitadinho, é só um bebê e tem que passar por isso tudo!

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